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‘Uma profusão de sentimentos e uma dualidade na rotina’

Luciano Sheikk Esteves Mendes – Bancário e escritor
 
 
Infectados são e foram muitos, afetados somos e seremos todos. A pandemia promoveu paradoxos em nosso modus vivendi. 
 
Logo no início, a minha estação de trabalho migrou da empresa para a minha casa. Uma profusão de sentimentos e uma dualidade na rotina. 
 
A ausência do contato humano que tanto presava e preso, no trabalho e na vida, minguou. Gosto tanto de escrever, mas por literatura, e, no trabalho remoto, a conversa com os clientes passou a ser por escrito também. 
 
Sou caseiro e trabalhar em casa não por livre escolha causou-me outra ambiguidade: onde era o lugar de descanso passou a ser também o local do esforço laboral. Mas por ser afeito a pensar que o melhor da vida está em nosso lar e na convivência com os familiares, trouxe-me uma certa capacidade para suportar. 
 
Interessante é que fazia duas reprogramações de propósitos em minha vida pouco antes da pandemia: reduzir drasticamente o acesso às redes sociais e ampliar as relações pessoais depois de 8 anos mergulhado em pesquisas literárias e históricas. Adiei, mas readequei ambas, que, em contraponto, me ajudam a não me extenuar. 
 
Privilegiar as coisas mais simples da vida que permaneceram possíveis e outras que reapareceram trouxeram-me contentamento e que, até o presente momento, superam a ausência de outras simplicidades como um abraço, uma boa conversa e, enfim,  o estar com, sem a interveniência de artefatos tecnológicos. 
 
A velocidade do esvaziamento da essência em viver, chamada correria, que nos atingia a quase todos, diante da pandemia sofreu um frear brusco, impactante, e, não fossem os exemplos da história, tais como a gripe espanhola, por semelhança no campo da saúde, e a segunda guerra mundial, quando a restrição era cruel, também me recolocou nos devidos lugares de pensar: como os nossos semelhantes eram mais fortes nas adversidades. 
 
Nenhum de nós passou anos debaixo de um porão para sobreviver aos nazistas. Hoje o porão é a incapacidade de adiar satisfações incessantes, que penso ser passível de revisão. 
 
Continuo aprendiz.
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